Chegado o dia 8 de dezembro, dia da padroeira do Brasil – Nossa Senhora da Conceição – dia das realizações e fundação da Filarmônica, uma equipe de senhoras se ofereceu para a organização da sala, para o grande evento. “Que dia feliz! O sol se levantou no horizonte espalhando seus raios espirituais! E na varanda da casa grande estavam os preparativos. Muitas flores artificiais e naturais. Na sala uma enorme mesa de jacarandá com 24 cadeiras trancavam uma circunferência em linhas poligonais. No centro da mesa havia uma corbelha composta de lírios, dálias e manacás. Dona Eudoxia quis dar as companheiras uma ceia de truz,: comprou confeitos, espadas, bolos, biscoitos e beijus. Dona Inocência Martins cuidou da dispensa, que estava repleta de doces e o garçom predileto foi José Inácio Martins.”

As recepcionistas donas Clorinda Duarte, Andrina Rocha e Maria Rita Paiva Pinho, achavam-se na porta de entrada do edifício para conduzirem os convidados até o salão nobre.

Eram seis horas. Hora da Ave-Maria! Hora de elevarmos o nosso pensamento a Deus. O sino da Igrejinha, de torres brancas, batia compassadamente. Noite de muita alegria e felicidade para a população de Belmonte.

O salão nobre estava repleto, esperando a hora para abrir a sessão da Assembleia Geral. O presidente, então, pediu que todos os membros da Diretoria tomassem lugar na mesa, bem como os convidados. O primeiro ponto da pauta da sessão foi a discussão do nome da Filarmônica. Uma parte da Assembleia opinou pelo nome Aurora. O presidente Aristóteles Duarte convocou o quadro de adeptos com suas representantes para ouvir sugestões. Dona Andrina Paiva Rocha, em nome das companheiras, falou que não aceitava o nome Aurora porque lembrava o futuro e como estavam no presente não iam esperar o amanhecer. Amélia Lemos sugeriu, inspirada, o nome da Filarmônica em homenagem a corbelha que estava no centro da mesa, composta de lírios e dálias. Lírio que foi traduzido para Líria e o grená das dálias ficaram sendo a cor distintiva da Filarmônica. Este nome – Líria _ foi aceito e aprovado com muitos aplausos e vivas. Foi então batizada a nova Filarmônica: Líria Popular de Belmonte.

Depois de muitas honrarias foi apresentada como madrinha de honra a sr.ª Andrina Paiva Rocha. Com o decorrer dos anos foi substituída por sua filha Elizabete da Rocha Monteiro. Esmero Martins como regente da Lyra convidou o corpo musical para os ensaios a partir do dia 10 de dezembro, para ser inaugurada em 1º de janeiro de 1915. O presidente encerrou a sessão.

Memórias de Faustiniano Henrique do Carmo
Ariadne da Silva Rocha
Maria Adalcy R. Brazão Santana