Manoel Tranquilino Bastos (Cachoeria/BA, 8 de outubro de 1850 - 1935), foi clarinetista, compositor, maestro e professor de música. No ano de 1870, fundou a Filarmônica Sociedade Orpheica Lyra Ceciliana, a qual encontra-se em atividade até os dias atuais na cidade de Cachoeira-BA. Filho de pai português e mãe negra alforriada, Manoel Tranquilino Bastos, foi um gênio da música, um semeador de orquestras. Quando criança, aprendreu a tocar clarineta, e se incorporou ao Coro de Santa Cecília.
Ainda menor de idade, passou a integrar a Banda Marcial São Benedito, composta por músicos negros. Depois, aos 14 anos incompletos, tocou clarineta em diversos eventos musicais e absorveu, por si só, e com imenso esforço, a cultura musical européia, muito particularmente da Itália, Alemanha e, principalmente, da França. Sua fama transpôs os limites do Brasil e chegou ao Velho Mundo, onde suas composições foram aplaudidas de pé por platéias eruditas. Foi, durante muito tempo, o representante na Bahia de fábricas francesas de instrumentos musicais, inclusive da Casa Sax, do inventor do saxofone Adolf Sax, e da casa franco-britânica Besson. Intermediou a compra de instrumentos para diversas bandas do recôncavo baiano, orientou os fabricantes sobre as particularidades do clima tropical e trocou correspondência com figuras importantes do Velho Mundo, inclusive Adolfo Sax. Absolucionista convicto, ficou conhecido pelo epíteto “O Maestro da Abolição”.
Esteve à frente dos movimentos em favor da abolição da escravatura. O “Hino Abolicionista” e a música “Airosa Passeata” são de sua autoria. “Airosa Passeata” retrata a passeata em que ele, à frente de mais de duas mil pessoas, a maioria composta por negros recém-libertados, foi às ruas de Cachoeira na noite de 13 de maio de 1888, comemorando a assinatura da Lei Áurea. De sua autoria são as primeiras composições de música de câmara da Bahia. Sua paixão pela música fez com que, de seus dez filhos, três se tornarem músicos, perpetuando o legado paterno, composto por 295 dobrados, 150 marchas festivas, 50 marchas fúnebres e 205 fragmentos de ópera transcritos para banda marcial, além de inúmeras valsas e peças sacras.
De sua autoria são, 120 crônicas e artigos para jornais e revistas, bem como manuscritos e diários, além de cadernos de música. Era espírita. Fiel à sua convicção religiosa, fundou, em 1877, com alguns amigos, a Sociedade Espírita Cachoeirana. Manoel Tranquilino Bastos faleceu em 1935.
Fonte: https://pt-br.filarmonicas.wikia.com/wiki/Tranquilino_Bastos